Há algum tempo venho observando! Enquanto meu olhar se torna mais focado, a imagem mental mais nítida… o tipo de pessoas que sentem urgentemente que precisam ser vistas, aplaudidas, seguidas, reconhecidas… a qualquer preço que isso possa implicar.
Quanto mais estudo a natureza humana, mais claro fica para mim que essa busca não se trata de autoconfiança, mas simplesmente de vazio.
Vivemos em tempos em que a voz alta é frequentemente valorizada acima do valor intrínseco. Assim, pessoas que mais se expõem, compram fãs, atacam ou criam controvérsias são notadas muito mais do que aquelas que constroem silenciosamente algo sólido com verdadeira dedicação.
Esse tipo de pessoa não quer ajudar. Ele quer estar diante do público e mesmo que isso signifique mentir, distorcer a verdade, difamar outros ou expor seu bom nome para todos verem.
Quando estudava Freud, vi em sua psicanálise que a mente humana age como um campo de batalha em constante desacordo: há o Id que busca prazer imediato e destaque sempre que tem a chance; o Superego coloca regras, culpa e moralidade; e então há o Ego dando equilíbrio para ambos os lados — que é manejar a realidade de forma barata.
Mas se o Ego é fraco, então a pessoa não consegue suportar críticas, limites e frustração; então, ela começa a criar mecanismos de defesa. Um desses é a projeção:
Eles preferem atribuir suas próprias deficiências aos outros do que admiti-las.
Quando se sentem inseguros, em vez de olhar para dentro para encontrar a causa dessa insegurança, simplesmente atacam quem os faz sentir isso.
Em vez de tentar melhorar a si mesmos, pessoas assim vão para um palco.
Esse perfil se encaixa no que nos referimos como uma personalidade neurótica com tendências narcisistas, que é um grupo que realmente não se conhece, mas tenta afirmar que toda a humanidade pensa que são ótimos, fortes, brilhantes e nos mais altos patamares. A mente cria uma história de vida bem-sucedida para passar e assim vive em um mundo de fragilidade e comparação interna.
Isso está por toda parte — inclusive na política
É muito fácil identificar esse comportamento no cenário político. Pessoas completamente desconhecidas surgem com perfis cheios de seguidores comprados, com discursos inflados, vídeos bem produzidos, frases de efeito… mas sem nenhuma entrega real.
Não querem servir… mas querem status. Não querem se estudar, se prepara… Querem ser aclamadas… notados… venerados! Muitas das vezes conseguem enganar até mesmo pessoas experientes, por que se vendem com confiança e gritam mais alto que os outros.
É assustador ver como a mentira bem contada ganha ibope, e como a verdade… que exige tempo, consistência e maturidade — é ignorada em favor do entretenimento vazio.
Por que damos uma plataforma para esse tipo de pessoa?
Isso me fez pensar em outro aspecto abordado no artigo: por que tantas pessoas apoiam esse comportamento?
Infelizmente, a resposta está em nosso hábito de consumir o que nos faz sentir emoções imediatas. Nossa sociedade se tornou viciada no espetáculo. Aqueles que gritam, são controversos, provocam… viralizam. As redes sociais recompensam esse tipo de conteúdo com alcance, curtidas, comentários — e o ciclo começa de novo.
E então há um termo psicológico chamado “efeito da multidão”:
Quanto mais pessoas seguem alguém, mais sentimos que ele deve ter algum valor.
Mesmo que, basicamente, ele não tenha absolutamente nenhum talento real.
O Perigo de Tudo
O problema final e maior é que essas pessoas podem se tornar perigosas. Eles distorcem a verdade, causam problemas, dividem ambientes de trabalho e dispersam todos os que estão ao redor, enquanto eles saltam para o centro das atenções.
Eles não crescem. Eles invadem. Não acrescentam. E em todo lugar que vão, aqueles que já estão cultivando uma vida real precisam se mover junto com a sujeira sob seus pés.
O Que Aprendi com Tudo Isso
Com o tempo, concluí que a única maneira de lidar com esse tipo de criatura não é confrontar, nem expô-la — não alimente. Um narcisista prospera com atenção. Ignorá-los é mais eficaz do que qualquer confronto, como diz o excelente Craft of Influence.
Também descobri que o futuro sempre pertence àqueles que fazem caixões permanentes. Árvores grandes não temem o vento; as pequenas se curvam à escuridão. O que não tem base desmorona. O que é atraído de fato não é.
Esta é uma reflexão que vem ganhando forma lentamente em minha mente à luz do que observo, leio e estudo. Se você também notou esse tipo de comportamento se desenvolvendo ao seu redor, talvez este ensaio o ajude a ver mais claramente o que está por trás de tudo. Não é apenas ego — é sofrimento, um senso de inferioridade e desequilíbrio apresentado como influência, liderança ou sucesso.
Afinal, cabe a nós libertar a ridicularização daqueles que necessitam de uma cortina para serem vistos.
Por Saulo Marques



