A iniciativa busca consolidar o acolhimento das pessoas em situação de refúgio na vida universitária.
A Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) é conhecida como uma universidade onde se convergem diversas culturas, com estudantes provenientes de vários países latino-americanos, compondo um universo de 37 nacionalidades. Dentro da sua proposta de integração e com base em sua característica multicultural e de prezar pela cooperação solidária, avançou mais recentemente nessa proposta desafiadora ao firmar convênio com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR Brasil). O objetivo foi intensificar o acolhimento de refugiados na vida universitária, contribuindo com a integração destas pessoas nas sociedades locais.
Ações de aproximação com a causa de pessoas em situação de refúgio vêm acontecendo na Universidade desde o processo seletivo em 2014, quando foi implementado o Programa Pró-Haiti. A partir daí, a UNILA vem ampliando essa política de acolhimento com a criação do processo seletivo específico para pessoas de refugiadas e portadoras de visto humanitário. De lá para cá, a Universidade conta com 59 estudantes matriculados nessa modalidade de ingresso. Neste ano, a instituição também receberá dois cientistas ucranianos selecionados pelo Programa Universidades Amigas, da Fundação Araucária.
A coordenadora do curso de Relações Internacionais e Integração da UNILA, Karen dos Santos Honório, explica que desde 2003 a ACNUR Brasil tem firmado convênios de cooperação com as universidades brasileiras: “Muitas pessoas solicitam refúgio no âmbito da educação e as universidades podem ser os canais para se pensar políticas de ações de integração no âmbito da educação em relação aos refugiados”.
Na UNILA, a ideia da Cátedra vinha passando por processo de amadurecimento desde 2019, quando foi criada a Comissão de Acolhimento de Estudantes Refugiados e Portadores e Vistos Humanitários (CAERH), que é composta por docentes, discentes e técnicos em educação, com objetivo de fortalecer o protagonismo da UNILA em trabalhar com esse grupo imprescindível para o processo de integração. “A nossa instituição já tem esse pioneirismo e a Comissão surge como uma ação universitária para fortalecer essa prática. Ela também é multitemática, procura abordar a permanência em várias frentes, seja psicológica, epidêmica, de extensão, de assistência estudantil”, conta Karen, uma das integrantes da CAERH.
Membros da Comissão também destacam que há outras ações que já vem sendo desenvolvidas e que vão se capitalizadas pela Cátedra no âmbito da pesquisa e da extensão, e também do PET Conexões de Saberes. Outra frente adotada pela Universidade é que os programas de pós-graduação já adotam política de cotas em seus processos seletivos, com reserva de vagas voltadas para refugiados e portadores de vistos humanitários.
O tema que dialoga com a região
A ACNUR reconheceu a cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná, como o local e ponto-chave para questões de refúgio e de imigração. Com o novo convênio firmado com a UNILA, o órgão associado à ONU pode dar assistência em várias frentes alinhadas com a questão de imigrantes refugiados e a Universidade passa a integrar a essa rede de colaboração, possibilitando o compartilhamento de experiências.
A docente da área de Línguas da UNILA, Laura Amato, está coordenando um Grupo de Trabalho sobre Acolhimento Linguístico em todas as cátedras no Brasil, o que corresponde ao total de 29 iniciativas. “A Cátedra vem fortalecer as ações que já existem na Universidade. Quando a gente pensou na adesão da UNILA, acreditamos na possibilidade de nos tornarmos um ponto de convergência para trabalhar com questões de refúgio e de aproximar novos colegas, inclusive de outras instituições, que gostem ou trabalhem com esse tema”, conta Laura.
No contexto externo, há a proposta de se trabalhar com a Prefeitura de Foz do Iguaçu para a elaboração de um documento sobre a tema que pode fundamentar a adoção de políticas públicas na cidade, com o apoio do ACNUR. “Para além das dimensões previstas no convênio firmado, a UNILA tem uma participação muito importante no GT de Refugiados, Apátridas e Migrações da Prefeitura, onde participamos ativamente e estamos construindo junto a parceiros de outras instituições da cidade, como a Unioeste, para a construção de um cadastro público sobre os refugiados em Foz do Iguaçu e a situação do acesso aos serviços públicos da cidade”, explica Karen Honório.
No mês de setembro, a Cátedra será lançada oficialmente, no dia 20, dentro da programação de um evento promovido pelo curso de Especialização em Direitos Humanos na América Latina, quando serão desenvolvidas oficinas e apresentação das questões em que já sendo trabalhadas entre os membros da Cátedra. Para mais informações, interessados podem acionar os participantes pelo e-mail csvm.unila@gmail.com.
Créditos: UNILA.