Nova metodologia corrige distorções históricas e posiciona o destino como referência internacional em eventos, lazer e negócios
Foz do Iguaçu acaba de alcançar um marco que redefine seu papel no cenário turístico brasileiro: a marca de 5 milhões de visitantes por ano. O número, antes subestimado, surge de um esforço conjunto entre o trade turístico e a Secretaria Municipal de Turismo, que adotaram uma metodologia mais abrangente e realista de contagem, deixando para trás a limitação histórica de considerar apenas as entradas no Parque Nacional do Iguaçu.
A nova abordagem revela uma cidade que vai muito além das Cataratas – embora elas continuem sendo o principal cartão-postal. A pesquisa coordenada pelo Fundo Iguaçu revelou que cerca de 35% dos visitantes não passam pelo parque, uma estatística que, até pouco tempo, sequer era registrada. A constatação escancara a diversidade de experiências que Foz oferece e reforça sua maturidade como destino turístico de múltiplos perfis: eventos, compras, lazer, ecoturismo, gastronomia e negócios.
Quando os números contam uma nova história
A cidade possui atualmente 29.608 leitos regulares, com uma taxa média de ocupação prevista de 66% em 2024. A análise desses dados, somada ao impacto crescente dos aluguéis por temporada, como o Airbnb, permitiu ao setor chegar a um novo patamar de precisão: são 5 milhões de turistas circulando anualmente por Foz – número que agora serve como referência oficial para projeções, investimentos e estratégias de promoção do destino.
“É um divisor de águas. Precisávamos corrigir uma distorção que impactava diretamente nossa imagem enquanto destino turístico. Os novos números são uma conquista coletiva do setor”, afirma Jaime Mendes, presidente do Visit Iguassu e empresário do Del Rey Quality Hotel. Segundo ele, 60% dos hóspedes do seu hotel não visitam as Cataratas, mas vêm à cidade motivados por eventos, compras e turismo de fronteira.
O empresário Richardson Voltolini, do Recanto Cataratas, reforça a relevância do dado: “Recebemos um público regional com frequência, que volta várias vezes ao ano e busca novas experiências. A visita às Cataratas nem sempre está no roteiro”.
A força de um destino multifacetado
O secretário municipal de Turismo, Jin Petrycoski, celebra o momento como uma reparação estatística e estratégica. “Estamos corrigindo um erro histórico. Essa revisão projeta Foz de forma mais justa dentro da rota dos grandes destinos do mundo. Agora temos dados que sustentam nossa força real.”
O novo cálculo leva em conta fatores antes ignorados, como o turismo de eventos – setor no qual Foz já ocupa a terceira posição nacional, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro. Isso inclui congressos médicos, feiras corporativas, convenções de vendas, turismo estudantil e religioso, além de ações governamentais e comerciais transnacionais.
A cidade também é impulsionada pelo turismo de compras e pelas conexões com as cidades vizinhas: Puerto Iguazú (Argentina) e Ciudad del Este (Paraguai). Foz se tornou a base para viajantes que circulam na tríplice fronteira, fazendo dela um hub estratégico e cada vez mais competitivo.
Crescimento sustentado e novas metas
O primeiro semestre de 2025 já registrou crescimento superior a 10% em relação ao mesmo período do ano anterior. O mês de abril, inclusive, foi o melhor da série histórica, com todos os atrativos operando em sua capacidade máxima.
A cidade se prepara agora para ampliar sua malha aérea com novos voos, como Foz-Brasília e Foz-Fortaleza, ambos com frequência diária, e a contratação de um consultor internacional para acelerar a vinda de novas conexões nacionais e internacionais.
Eventos como a chegada do Centro Pompidou, projetos culturais de grande impacto e a retomada de investimentos estaduais na promoção turística devem impulsionar ainda mais os fluxos em 2026. A expectativa do setor é que, já no próximo ano, a cidade ultrapasse os 6 milhões de visitantes anuais.
Uma nova era para Foz do Iguaçu
Com planejamento estratégico, dados confiáveis e protagonismo do setor privado, Foz do Iguaçu inaugura uma nova fase em sua trajetória. Não apenas como detentora de uma das sete maravilhas da natureza, mas como um destino global, inteligente e plural, onde negócios, lazer, cultura e sustentabilidade convivem no mesmo roteiro.
Mais do que um número, os 5 milhões de visitantes representam um símbolo: o de uma cidade que reconhece seu valor, amplia horizontes e se prepara para um futuro ainda mais promissor no turismo nacional e internacional.