Projeto elimina dependência do diesel em território estratégico e fortalece ciência, meio ambiente e presença do Estado

Foz do Iguaçu, 7 de julho de 2025 — A Itaipu Binacional acaba de concluir um projeto pioneiro na Ilha da Trindade, o território habitado mais isolado do Brasil. Localizada a mais de 1.100 km da costa do Espírito Santo, a ilha passou a contar com um sistema híbrido de geração de energia solar, substituindo os antigos e poluentes geradores a diesel.

O novo sistema integra o programa “Itaipu Mais que Energia”, e já funciona de forma ininterrupta há mais de 30 dias, promovendo autonomia energética em um dos ecossistemas mais sensíveis e estratégicos do Atlântico Sul.

🌞 Energia limpa em meio ao oceano

Com investimento de R$ 6,8 milhões, a usina solar conta com 480 painéis fotovoltaicos, 48 baterias de lítio e um gerador de reserva. A expectativa é de reduzir em até 90% o consumo anual de diesel, caindo de 60 mil para apenas 6 mil litros.

Segundo o superintendente de Energias Renováveis da Itaipu, Rogério Meneghetti, o sistema foi projetado para garantir eficiência, mesmo em dias nublados ou à noite. “O gerador entra apenas em casos excepcionais. Já conseguimos manter a operação com menos de 2% de acionamento a diesel desde o início.”

🇧🇷 Presença estratégica e proteção da Amazônia Azul

A Ilha da Trindade cumpre papel essencial na defesa da chamada Amazônia Azul. A presença contínua da Marinha na região assegura ao Brasil o controle da Zona Econômica Exclusiva (ZEE), que se estende por 200 milhas náuticas ao redor da ilha — equivalente a mais de 370 km de raio.

Para o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri, o projeto contribui diretamente com a soberania nacional e a pesquisa científica. “É uma iniciativa que reforça a presença do Estado e cria condições sustentáveis para ampliar o conhecimento sobre esse território único”, afirma.

🚢 Logística complexa e sustentabilidade em ação

A operação de instalação, realizada entre março e abril, exigiu transporte de 50 toneladas de equipamentos pelo navio NDCC Almirante Saboia, com apoio de helicóptero H225M. Foram mais de 60 manobras aéreas e transporte até de um trator.

Além disso, a mesma missão retirou 10 toneladas de resíduos acumulados na ilha. “Foi uma operação desafiadora e histórica”, destacou o capitão de mar e guerra Allan de Almeida Nunes, da Marinha do Brasil.

🧪 Ciência e biodiversidade em foco

A base abriga atualmente o Posto Oceanográfico da Ilha da Trindade (POIT) e a Estação Científica ECIT, onde já passaram mais de 1.500 pesquisadores. A região é reconhecida por sua riqueza natural: é o maior ponto de desova da tartaruga-verde no Brasil, além de abrigar espécies raras como o caranguejo “John” e a floresta de samambaias gigantes.

De acordo com o oceanógrafo Guilherme Dutra, do Instituto Trindade, a substituição do diesel era urgente. “Estamos falando de uma das últimas grandes áreas preservadas do Atlântico Sul. Essa mudança é essencial para garantir a continuidade da pesquisa científica”, reforça.

O pesquisador Fernando da Silva de Oliveira, doutor em biotecnologia, também destaca o potencial de descobertas: “Espécies endêmicas da ilha podem originar compostos inéditos com aplicações farmacêuticas.”

🔧 Projeto-piloto para outras regiões isoladas

As tratativas para o projeto começaram em 2016, e o modelo agora implementado poderá ser replicado em outras regiões remotas do Brasil, como comunidades da Amazônia Legal.

Além da geração solar, estão previstas melhorias de eficiência como chuveiros com aquecimento solar, sistemas automatizados e iluminação LED, reduzindo ainda mais o consumo.

🤝 Parceria estratégica

A iniciativa é resultado de um convênio entre Itaipu Binacional, Itaipu Parquetec e a SECIRM (Comissão Interministerial para os Recursos do Mar), da Marinha do Brasil. O convênio também prevê intercâmbio técnico em áreas como segurança cibernética, comunicações e gestão de estruturas estratégicas.

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